quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Cibele Carvalho

Não sei disfarçar a tristeza. Nem a alegria, nem a puteza, a preocupação... a surpresa, a nostalgia, a chateação. Não sei disfarçar a dor não.

Então, onde teria de ser lugar só pra alegria vira palco de incredulidade. Nunca estamos preparados para isso...

Vou deixar a própria Cibele explicar:

Último poema do livro ALMA DESNUDA, sementes líricas de Cibele Carvalho, ed. LiteraCidade


Também não me explicaram.


                   *                           *                          *                           *                          *


Como são as coisas... parecemos brinquedos nas mãos... do acaso?

Há alguns poucos dias (menos de uma semana) chegou minha encomenda. Comprei via internet, da ed. LiteraCidade, três livrinhos: dois "sementes líricas" e um de contos breves.

Li o primeiro livro, lindo, me identifiquei, fiz postagem no Facebook para falar umas palavras bacanas para o autor e, assim, divulgar um pouquinho seu trabalho e ao mesmo tempo semear um sorriso de satisfação, afinal: qual autor não gosta de receber elogios pela sua obra? Sou assim, faço isso, acarinho e me sinto autoacarinhada.

E aí li o segundo livro: ALMA DESNUDA. Me enterneci com os versos de Cibele, não de imediato, mas na releitura que fiz de vários poemas. Alguns de amor, outros de solidão... e esse, Chegadas e Partidas, não o único do livro sobre ir-se.

E tal como fiz antes, preparei-me para plantar algum sorriso no rosto de Cibele. Ao tentar marcar seu nome na postagem do Facebook, não consegui, será que ela desfez a amizade virtual? Pensei e fui em sua página e lá... soube. 

Sua conta foi transformada em memorial.



                   *                           *                          *                           *                          *



Assim... me lembrou um período muito doído na minha vida... o ano era de 2004... Eu escutava sem parar essa música na bela voz de Maria Rita, e sem parar chorava... Era meu hino, meu vício, meu consolo, junto com os livros de romances espíritas.

ENCONTROS E DESPEDIDAS
Milton Nascimento / Fernando Brant

“Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero

Todos os dias é um vai e vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar

E assim chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida...


                   *                           *                          *                           *                          *


Talvez Cibele tenha se inspirado nessa música. Talvez a tenha ouvido sem parar. Não sei, não a conheci bem. Cibele era poetisa e participou do I SARAU do BAR, em maio de 2016. Eu a encontrei mais algumas vezes em outros eventos.



Pretendia convidá-la para participar da quinta edição do Sarau, que acontecerá em breve, no dia 11 de fevereiro. Achei que seria mais um passo na nossa amizade poética, de evolução um pouco mais lenta do que a que aconteceu naturalmente com outros poetamigos, palavra aprendida com o querido Paulo George.

Mas não.



E não sei disfarçar.
KARLA ANTUNES

6 comentários:

  1. Linda homenagem Karlinha à nossa poetamiga Cibele Carvalho! Que faça muitos lindos poemas lá!!!
    obs.: ont no Sarau na Casa D'Alma fizemos um minuto de silêncio pra ela!!!

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  2. Sim. A sua alma de poetisa continuará, de alguma forma, nos encantando...

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  3. Encontros e despedidas sinto na pele e na alma desnuda a cada notícia de adeus. E foram muitas significativas despedidas sem a chance de dizer ao menos adeus. O que conforta? A possibilidade do reencontro, quem sabe um dia...

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  4. Encontros e despedidas sinto na pele e na alma desnuda a cada notícia de adeus. E foram muitas significativas despedidas sem a chance de dizer ao menos adeus. O que conforta? A possibilidade do reencontro, quem sabe um dia...

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    1. É verdade, Verinha. Tanto eu quanto você por algumas vezes não pudemos dizer adeus. Por isso temos de abraçar muito nos encontros, pois, de fato, não o sabemos derradeiro... A possibilidade do reencontro nos consola. Um beijo.

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  5. Sem muita poesia, mas igualmente incrédula e triste!

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